Uma nova Sharapova

Olha... eu estou feliz com essa moça (a de baixo). Não só com o 24º título conquistado no WTA de Cincinnati 2011. Mas com o que eu vi no jogo final, em que ela bateu Jelena Jankovic por 46 76 63, em quase 3 horas de jogo. Algumas coisas me chamaram a atenção neste jogo, onde ouso dizer que vi uma nova Maria Sharapova.

A primeira coisa que chamou minha atenção foi o nível de jogo de Maria nos 5 primeiros games, quando ela marcou 4-1 e saque. Bem parecido com o da Maria do AO 2008. É certo que o nível não se manteve durante a partida. Também não estou afirmando que é este padrão que espero dela daqui pra frente. Apenas me animei com este fato: é possível, sim, voltar ao nível de 2008, de antes da cirurgia no ombro. 

Mais importante que isto, foi o que vi no resto do jogo. Apesar dos erros que levaram o placar para 4-6 0-2 (sim, com pneu moral), o que eu vi foi que Maria está convivendo melhor com seus erros. Ou digamos que Sharapova agora está aceitando seus erros. Os apagões não duraram mais do que um game. O resto ficou por conta do nível da adversária. Muitos se esqueceram, mas não eu, das qualidades de Jankovic.

Também destaco que houve variação tática por parte de Sharapova. Não uma diversificação espetacular de golpes, mas uma variação que, pros padrões dela, é significativa. Não ia pras linhas em todos os pontos, batia forte muitas vezes no meio da quadra. Aceitou a troca de bolas. Aceitou colocar o segundo saque em jogo. Até alguns slices apareceram. Enfim... neste jogo, Sharapova não foi a cabeçuda de sempre.

E que me deixou feliz ainda foi outro fato: a mudança de comportamento de Maria. Parece que a Deusa desceu enfim de seu pedestal. Maria entrou no clima emocional do jogo. Abandonou os rituais excessivos, os saques demorados, a cara fechada e foi pra luta. Mostrando seus sentimentos o tempo todo, o descontentamento com os erros e a felicidade... com os erros da adversária, inclusive. Chegou a bater a raquete no chão por 3 vezes, ao melhor estilo Ana Ivanovic. E devolveu catimba com catimba, como na hora em que levantou a raquete num saque de JJ. Com a maior cara de pau, perguntou ao juiz se o ponto voltaria. Eu gostei desta nova Maria, mais transparentemente emotiva.

Só faltou rir de algumas jogadas, com faz Jelena Jankovic. Que é uma adorável catimbeira, diga-se de passagem. E que valorizou a vitória de Sharapova com seu jogo diferenciado. Que não é tão defensivo como dizem. A sérvia varia a colocação, direção, velocidade e altura das bolas como poucas no circuito. Exigiu muito de Maria. E não achei que as risadas de JJ tenham incomodado Sharapova. Fazem parte do show da sérvia.

Hummm. Agora os destaques negativos. Primeiro, os péssimos comentários emitidos no BandSportsTV. Nem parece que o pessoal lá cobre a WTA. Não dá pra dizer que um set está acabado com o placar de 4-1. Nem vi JJ se "impondo" na virada do 1º set, e sim Sharapova voltando ao seu nivel normal de jogo e cometendo erros. E vi a JJ que eu conheço. Com muita qualidade e catimba. E aqui entra meu segundo destaque negativo: Kader Nouni, que é um mito em termos de arbitragem, desta vez vacilou. Se no começo não entrou na catimbra de Jankovic, "mandando" que ela desafiasse as marcações que ela achava erradas... Depois começou a ajudar JJ, explicando as marcações, dando dicas pra ela. Mas ainda assim, Kader foi o terceiro componente de emoção e diversão nesta final. Um show-man.

Também não posso esquecer da participação do técnico, o ex-careca da ex-cabeçuda, Thomas Hogstedt. Gostei da atuação dele na arquibancada. E de ver que a nova Sharapova também se utiliza desta regra (polêmica e que aprovo) da WTA.

Enfim, esta é Maria que eu vi na final de Cincy. Guerreira e vencedora, como antigamente. Marota e transparente, como nunca vi antes.

Pronto, Dona Maria... já dei minha opinião. Agora sim, uma foto com seu troféu lindo e inédito na carreira!